02/12/1804: a coroação de Napoleão Bonaparte
A obra de Jacques-Louis David, exposta no Louvre, retrata a
coroação de Napoleão Bonaparte como Imperador dos Franceses. Sim, dos
franceses, pois o projeto de poder do “petit caporal” não se limitava às
fronteiras herdadas pela França no tortuoso processo revolucionário
entre 1789 e 1799. A grandiosidade da obra (6,21 metros por 9,79 metros)
retrata o ambiente e a preocupação de Bonaparte com sua imagem.
O quadro é repleto de histórias e lendas. Duas delas são
particularmente saborosas do ponto de vista da personalidade de
Napoleão.
A primeira relata a questão da participação do papa Pio VII na coroação. Contrariando a tradição, Napoleão não permitiu que o papa o coroasse. Pretendendo deixar claro quem era o poder na França, Napoleão se coroou e, após isso, coroou a imperatriz Joséphine. No quadro, o pintor Jaques-Louis David deixa evidente a insatisfação do papa, nítida em sua expressão facial. Contudo, por ordem do próprio Napoleão, Jacques-Louis alterou um detalhe. Ao longo da cerimônia, muitos que estiveram presentes relataram que o papa sequer abençoou a coroação. Ele teria ficado imóvel, como uma estátua a presenciar algo que sua imobilidade reprovava de forma explícita. Ao ver o primeiro esboço do quadro, Napoleão notou que o papa tinha suas duas mãos depositadas sobre suas pernas. Napoleão então teria pedido ao pintor que colocasse o papa fazendo algo para que sua imagem não ficasse totalmente inútil para a história. Abaixo, o esboço original de Jacque-Louis David para o papa.
A segunda história se refere à mãe de Napoleoão, Letícia Bonaparte.
Em nítido desacordo com o casamento de seu filho com Joséphine por
motivos que iam dos boatos sobre as constantes traições dela, até sua
idade avançada, levantando questionamentos sobre a sua fertilidade,
Letícia não compareceu à cerimônia de coroação. Napoleão obrigou o
pintor a colocar Letícia em um lugar de destaque na pintura, no centro
do quadro, com um foco de luz que torna impossível não notar sua
presença. O próprio pintor relatou em cartas que Napoleão teria dito
algo como “Como explicar para a história que o homem que colocou a
Europa de joelhos não conseguiu convencer sua mãe a estar presente em
sua coroação?”. Abaixo, um esboço do quadro sem a mãe de Napoleão e uma
imagem do quadro final com Letícia Bonaparte em destaque.
Por último, muito além das histórias que tornam a obra sempre maior
do que o quadro em si, vale ressaltar que a pintura tem um significado
político muito importante. Ele faz uma nítida referência ao famoso
quadro da coroação de Carlos Magno, imperador dos Francos, no ano de
800.
No quadro, nota-se que o imperador está ajoelhado, recebendo a coroa das mãos do papa como uma investidura católica. É nítido aqui a submissão do poder secular ao poder religioso. Napoleão fez questão de deixar claro para França e para a Europa que seu governo não teria ninguém acima de sua própria vontade.
Sacre
de l’empereur Napoléon Ier et couronnement de l’impératrice Joséphine
dans la cathédrale Notre-Dame de Paris, le 2 décembre 1804
A primeira relata a questão da participação do papa Pio VII na coroação. Contrariando a tradição, Napoleão não permitiu que o papa o coroasse. Pretendendo deixar claro quem era o poder na França, Napoleão se coroou e, após isso, coroou a imperatriz Joséphine. No quadro, o pintor Jaques-Louis David deixa evidente a insatisfação do papa, nítida em sua expressão facial. Contudo, por ordem do próprio Napoleão, Jacques-Louis alterou um detalhe. Ao longo da cerimônia, muitos que estiveram presentes relataram que o papa sequer abençoou a coroação. Ele teria ficado imóvel, como uma estátua a presenciar algo que sua imobilidade reprovava de forma explícita. Ao ver o primeiro esboço do quadro, Napoleão notou que o papa tinha suas duas mãos depositadas sobre suas pernas. Napoleão então teria pedido ao pintor que colocasse o papa fazendo algo para que sua imagem não ficasse totalmente inútil para a história. Abaixo, o esboço original de Jacque-Louis David para o papa.
Esboço para o papa – Coroação de Napoleão
Coroação de Napoleão – estudo sem a presença de Letícia Boanaparte
Letícia Bonaparte em destaque
No quadro, nota-se que o imperador está ajoelhado, recebendo a coroa das mãos do papa como uma investidura católica. É nítido aqui a submissão do poder secular ao poder religioso. Napoleão fez questão de deixar claro para França e para a Europa que seu governo não teria ninguém acima de sua própria vontade.
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