Mulheres na História (XIII) Josefina Bonaparte
Dama francesa nascida em 1763, na ilha de Martinica, onde viveu a infância e a juventude. Foi a primeira esposa de Napoleão. As actuais famílias reais da
Bélgica, Noruega, Luxemburgo, Suécia, Dinamarca, Grécia, Liechtenstein
e Mónaco são descendentes dela. A literatura descreve-a como uma
mulher de estatura média, figura esbelta, cabelo castanho sedoso e olhos castanhos. Ela
foi muitas vezes elogiada pelo seu estilo e elegância. O seu nome
verdadeiro era Rose Marie Josephe Tascher de Pagerie. Nasceu a 23
de Junho de 1763, numa plantação de cana-de-açúcar em Les Trois-Îlets. Ela era a filha
mais velha de Joseph-Gaspard Tascher e Rose-Claire des Vergers de Sanois.
Josefina passou a sua infância na Martinica, foi educada num colégio de
freiras. Em Agosto de 1779, Josefina e o seu pai partem para Paris e em
Dezembro desse mesmo ano a jovem casa-se com com o
Visconde Alexandre de Beauharnais. Após ter dois filhos com Josefina,
Alexandre foi guilhotinado em consequência dos anos de Terror, no decorrer
da Revolução Francesa.Deste primeiro casamento ficou-lhe o título de viscondessa de Beauharnais. Casou-se em segundas núpcias, civilmente, com Napoleão Bonaparte a 9 de Março de 1796, realizando-se a cerimónia religiosa oito anos depois, na véspera de Napoleão se coroar imperador. Napoleão gostava muito
dos filhos da sua esposa, ao ponto de os adoptar oficialmente como seus, não permitindo
que os chamassem adoptivos. Josefina tornou-se Imperatriz da França, quando
Napoleão se auto coroou na catedral de Notre-Dame, que fora o local para
executar essa cerimónia, ocasião em que retirou a coroa das mãos
do Papa Pio VII, colocando-a ele mesmo na cabeça. Imediatamente
depois, o próprio Imperador coroou a sua esposa. Seguiram-se anos de convivência difícil para o casal, em parte porque Josefina não dava ao imperador o filho varão que ele desejava para lhe suceder. Ambos concordaram com
o divórcio de modo a permitir que o Imperador pudesse casar com outra
mulher, na expectativa de ter um herdeiro. O documento de divórcio foi assinado
em 10 de Janeiro de 1810. Já em 11 de Março, Napoleão casou-se por
procuração com Marie-Louise de Áustria e a cerimónia foi
realizada a 1 de Abril desse mesmo ano.
Após o divórcio, Josefina passou a
residir em Malmaison, próximo de Paris, mas mesmo com a distância, a
antiga imperatriz manteve um relacionamento amigável com Napoleão e continuou a fazer vida de alta sociedade, recebendo faustosamente em sua casa e mesmo, durante algum tempo, a expensas do imperador.
Josefina faleceu a 28 de
Maio de 1814.
Josefina Bonaparte. In Infopédia [Em
linha]. Porto: Porto Editora, 2003-2013.
wikipedia (Imagens)
Retrato da Imperatriz Josefina - François Gérard
Coroação de Napoleão e Josefina -Jacques Louis David
O divórcio de Napoleão e Josefina - Henri-Frédéric Schopin
O anel de noivado oferecido por Napoleão a Josefina
Carta de Napoleão a Josefina
“Não passo um dia sem te desejar, nem uma noite sem te apertar,
nos meus braços; não tomo uma chávena de chá sem amaldiçoar a glória e a
ambição que me mantêm afastado da vida da minha vida. No meio das mais sérias
tarefas, enquanto percorro o campo à frente das tropas, só a minha adorada
Josefina me ocupa o espírito e coração, absorvendo-o por completo o pensamento.
Se me afasto de ti com a rapidez da torrente de Ródano, é para tornar a ver-te
o mais cedo possível. Se me levanto a meio da noite para trabalhar, é no
intuito de abreviar a tua vinda, minha amada.
E no entanto, na tua carta de 23, tratas-me na terceira pessoa, por Senhor! Que mazinha! Como pudeste escrever-me uma carta tão fria? E depois, entre 23 e 26 medeiam quase quatro dias: que andaste tu a fazer, porque não escreveste a teu marido?... Ah, minha amiga, aquele tratamento do “senhor” e os quatro dias de silêncio levam-me a recordar com saudade a minha antiga indiferença. (…) Isto é pior que todos os suplícios do Inferno. Se logo deixaste de me tratar por tu, que será então dentro de quinze dias?! Sinto uma profunda tristeza, e assusta-me verificar a que ponto está rendido o meu coração. Já me queres menos, um dia deixarás de me querer completamente; mas avisa-me, então. Saberei merecer a felicidade…
Adeus, mulher, tormento, felicidade, esperança da minha vida, que eu amo, que eu temo, que me inspira os sentimentos mais ternos e naturais, tanto como me provoca os ímpetos mais vulcânicos do que o trovão. Não te peço amor eterno nem fidelidade, apenas a verdade e uma franqueza sem limites. No dia em que disseres: “Quero-te menos”, será o último dia do amor. Se o meu coração atingisse a baixeza de poder continuar a amar sem ser amado, trincá-lo-ia com os dentes.
Josefina: lembra-te do que te disse algumas vezes: a natureza faz-me a alma forte e decidida. A ti, fez-te de rendas e de tule? Deixaste ou não de me querer? Perdão, amor da minha vida. A minha alma está neste momento dividida em várias direcções e combinações, e o coração, só em ti ocupado, enche-se de receios…
Enfada-me não te chamar pelo teu nome, mas espero que sejas tu a escrevê-lo.
Adeus. Ah, se me amas menos, é porque nunca me amaste. Tornar-me-ias então digno de lástima.
E no entanto, na tua carta de 23, tratas-me na terceira pessoa, por Senhor! Que mazinha! Como pudeste escrever-me uma carta tão fria? E depois, entre 23 e 26 medeiam quase quatro dias: que andaste tu a fazer, porque não escreveste a teu marido?... Ah, minha amiga, aquele tratamento do “senhor” e os quatro dias de silêncio levam-me a recordar com saudade a minha antiga indiferença. (…) Isto é pior que todos os suplícios do Inferno. Se logo deixaste de me tratar por tu, que será então dentro de quinze dias?! Sinto uma profunda tristeza, e assusta-me verificar a que ponto está rendido o meu coração. Já me queres menos, um dia deixarás de me querer completamente; mas avisa-me, então. Saberei merecer a felicidade…
Adeus, mulher, tormento, felicidade, esperança da minha vida, que eu amo, que eu temo, que me inspira os sentimentos mais ternos e naturais, tanto como me provoca os ímpetos mais vulcânicos do que o trovão. Não te peço amor eterno nem fidelidade, apenas a verdade e uma franqueza sem limites. No dia em que disseres: “Quero-te menos”, será o último dia do amor. Se o meu coração atingisse a baixeza de poder continuar a amar sem ser amado, trincá-lo-ia com os dentes.
Josefina: lembra-te do que te disse algumas vezes: a natureza faz-me a alma forte e decidida. A ti, fez-te de rendas e de tule? Deixaste ou não de me querer? Perdão, amor da minha vida. A minha alma está neste momento dividida em várias direcções e combinações, e o coração, só em ti ocupado, enche-se de receios…
Enfada-me não te chamar pelo teu nome, mas espero que sejas tu a escrevê-lo.
Adeus. Ah, se me amas menos, é porque nunca me amaste. Tornar-me-ias então digno de lástima.
Napoleão
P.S. – A guerra este ano está irreconhecível. Mandei distribuir carne, pão, e forragens à minha cavalaria prestes a pôr-se
Cartas de Amor de Napoleão Bonaparte a Josefina Bonaparte.
in revista Tabu - Semanário Sol
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