REVOLUÇÃO FRANCESA,
o virar de páginas da Idade Moderna para a Idade Contemporânea
A
França era na década de 1780 o país mais populoso da Europa. Contudo,
isso não quer dizer que a prosperidade econômica e social era sua
característica mais marcante. O território francês abrigava ordens
sociais rigidamente divididas, no que comumente chamamos de os três
estados. O primeiro estado era formado pelo clero, o segundo estado pela
nobreza e, o terceiro estado compreendia o restante da população
francesa.
No
primeiro estado podemos verificar a existência de dois grupos que em
determinados momentos da história defendiam posições extremamente
contraditórias: o alto clero, do qual faziam parte os bispos e abades
com nível de nobreza; e, o baixo clero, padres e vigários que por sua
condição inferior muitas vezes defendiam os interesses do terceiro
estado.
É
sabido que no período áureo do absolutismo francês a mobilidade social
era praticamente nula. Nos anos que antecedem a Revolução o quadro é
outro, pois com o desenvolvimento comercial e com a nascente
industrialização surgem condições econômicas que levam a burguesia a
pleitear cada vez mais uma participação política e o reconhecimento
social. Aí se tem no segundo estado três subgrupos que podem assim ser
identificados: a nobreza palaciana, que habitava as instalações reais e do reino dependia a sua sobrevivência; a nobreza provincial, que longe dos requintes de Versalhes morava no campo; e, a nobreza de toga, principalmente pessoas que ascenderam socialmente entre os burgueses e conseguiram comprar seus títulos de nobreza.
Palácio de Versalhes
Apesar
de populoso, a França era majoritariamente agrária. Especula-se que
cerca de 98% da população pertencia ao terceiro estado e, destes, em
torno de 85% viviam no campo. O primeiro estado respondia por 0,5% da
população enquanto o segundo estado abarcava 1,5%. Ou seja, a maioria da
população francesa era formada pelos camponeses, pequenos artesãos, uma
nascente e cada vez mais ativa burguesia e pelos demais habitantes,
entre eles desde desempregados e andarilhos até os mais enriquecidos
banqueiros.
O terceiro estado e os sans-culottes
O
poder político ainda estava concentrado nas mãos do monarca, enquanto a
burguesia clamava por uma participação mais efetiva na administração
pública, um pouco para fazer valer seus interesses que tanto se
diferenciavam dos nobres.
Enquanto
o terceiro estado sofria para pagar impostos, taxas e dízimos, os
nobres e o clero se beneficiavam de grande protecionismo concedido pela
monarquia francesa.
A
situação estava cada vez mais insuportável para o terceiro estado:
falta de comida, falta de emprego, falta de dinheiro. O que também
acontecia com os cofres públicos, já que a Guerra dos Sete Anos e a
Guerra de Independência dos Estados Unidos também contribuíram para
aumentar o rombo. Isso sem falar que de toda arrecadação, cerca de 10%
eram consumidos apenas com gastos da casa real, com pensões de nobres,
festas, banquetes e demais futilezas.
Sem
mais de onde arrecadar, Luis XVI resolve convocar os Estados Gerais,
assembléia em que representantes das três ordens sociais se reuniam para
deliberar assuntos importantes. O detalhe é que assembléia igual a essa
não era convocada há mais de 150 anos, o que demonstra quão absoluta
era a monarquia francesa. A última convocação dos Estados Gerais havia
sido feita em 1614 e, em 1789 o rei resolveu fazer nova convocação. O
terceiro estado concluiu que a convocação tinha por objetivo incluí-los
nas decisões políticas, mas surpresos ficaram quando descobriram que o
rei apenas queria a aprovação da cobrança de novos impostos. E ainda, o
terceiro estado tentava negociar uma participação individual, ou seja,
cada representante teria direito a um voto e não como o rei desejava,
sendo um voto por estado. Isso acirrou ainda mais a crise política e
social na França.
A Liberdade conduzindo o povo
O
país que trazia no seu histórico recente péssimas colheitas e
consequentemente a elevação dos preços dos alimentos, era um grande
barril de pólvora. Uma fagulha bastaria para que a revolução explodisse.
E a fagulha inicial foi desprendida no dia 14 de julho de 1789, quando
populares franceses invadiram a prisão da Bastilha, símbolo máximo do
absolutismo francês no imaginário popular.
A tomada da Bastilha
Os
rumores de que as insurreições aumentassem colocou o primeiro e o
segundo estados em pânico, levando o rei a ordenar que eles se juntassem
no que passou a ter a função de Assembléia Nacional Constituinte, que
durou de 1789 até 1791. Durante esse período foi divulgada a Declaração
dos Direitos do Homem e do Cidadão e foi aprovada a Constituição Civil
do Clero. Somente em setembro de 1971 é que a primeira constituição
francesa foi aprovada e a Monarquia Constitucional foi implantada como
novo regime.
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão
No
entanto, o rei não era mais figura confiável. Os revolucionários
desconfiavam de uma repentina fuga da família real, o que muitos nobres e
ministros de Luis XVI aconselharam desde o dia 14 de julho de 1789. A
suposição de uma fuga foi concretizada em 1791, quando Maria Antonieta
arquitetou uma rocambolesca fuga, pelas portas dos fundos e com direito a
disfarces. A família real foi feita prisioneira na cidade de Varrenes.
De volta à Paris o rei beneficiava-se de disputas internas, fazendo um
jogo duplo para realizar seu grande intuito, o de voltar ao trono com
poderes absolutos.
Entre
os aliados do rei estava grande parcela do segundo estado e
monarquistas de países vizinhos que se sentiam ameaçados pelas idéias
libertadoras dos revolucionários franceses. O rei foi julgado e
condenado culpado por ter passado informações militares aos austríacos.
Acabava aí o período de monarquia constitucional e instaurou-se na
França a Primeira República.
Reunidos
na Convenção, a Primeira República foi, sem dúvidas, o período mais
radical da revolução, também conhecido como regime do terror, onde três
correntes passaram a disputar o poder: os girondinos, os jacobinos e o
grupo da planície.
No ano de 1793, Luis XVI foi condenado e guilhotinado, mesmo fim que alguns meses depois levou Maria Antonieta.
Guilhotina
O
caos imperava na França, a formação de um Comitê de Salvação Pública
durou até o Golpe do Termidor, quando a Convenção deu lugar ao
Diretório, que durou de 1795 a
1799. Sem conseguir resolver os problemas internos, o Diretório resolve
aliar-se ao exército que vinha conseguindo importantes vitórias através
de seu jovem general Napoleão Bonaparte, que depois de ser convidado a
participar do Diretório acaba por destituí-lo por meio de um golpe, o Golpe de 18 Brumário.
O jovem general Napoleão Bonaparte
Passa-se
assim a uma fase de grandes realizações na França comandada por
Napoleão Bonaparte, que cria o franco francês, o Banco da França e
elaborou o primeiro Código Civil, também conhecido como Código de
Napoleão. Em 1804 ele se autoproclamou Imperador da França, com o título
de Napoleão I. Seus problemas com a França aumentam quando ele decreta o
Bloqueio Continental, instrumento pelo qual ele proibia todos os portos
europeus de receberem navios ingleses. Em outras palavras, Napoleão I
quis proibir que os países da porção continental não mais fizessem
comércio com a Inglaterra. Pensava Napoleão que somente assim, com uma
Inglaterra enfraquecida comercialmente, ele conseguiria invadi-la.
O Imperador Napoleão I
O
não cumprimento do Bloqueio Continental fez com que invasões fossem
realizadas nos países desobedientes. Entre eles, a Espanha, Portugal e a
Rússia. A invasão da Rússia foi o início do declínio do império
napoleônico. Os russos fugiram para o interior deixando o exército de
mais de 500 mil homens de Napoleão praticamente abobalhados: sem abrigo,
sem suprimentos e tendo de suportar o incrível inverno russo, só restou
ao imperador francês bater em retirada. Voltou com metade de seus homens.
Napoleão
acaba deixando o poder e os Bourbons retornam ao trono. Por pouco
tempo, pois Napoleão que estava extraditado na ilha de Elba retorna à
França em cem dias é finalmente derrotado pelos ingleses, na Batalha de
Waterloo. Napoleão passa seus últimos dias na ilha de Santa Helena, onde
morre em 1821.
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